sábado, 20 de novembro de 2010

paixão

Já não sinto mais a paixão, a vida para mim já não passa de mera rotina, de algo mínimo que já não faz sentido.
Basta olharem para mim, para verem tristeza nos meus olhos nesta época desesperada onde fui empurrada por todos os lados e se o meu sorriso mostrasse o fundo da minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo.
     O sentimento de vazio governa alma, coração e mente, conforme os dias passam, fico presa nas nossas vidas separadas.
A dor penetra cada vez mais no coração e vai cada vez mais fundo, destruindo tudo em que toca, cada vez aumentando todo o vazio que sinto.
Nada adianta, apenas o corpo está presente, pois a alma foi possuída pela dor e ardeu, dela apenas restam cinzas.
Apenas um milagre poderia fazê-la renascer, mas sei que nunca irá acontecer.
O meu coração está seco e a bater lentamente, não consigo respirar.
Estou sem reacção, não saio, não rio e não falo, passo os dias e as noites a chorar sentada na cama perguntando “quando vais voltar?”
Fico no meu quarto com memórias por dias, enfrento uma imensidão de planos e futuros destinados à ruína, abraçada pela perda de algo que não poderei nunca substituir.
- O que eram todos aqueles sonhos que nós partilhamos?
- O que eram todos aqueles planos que fizemos, agora deixados de lado na estrada?
Estou entregue à minha própria força, mas não me consigo segurar.
Cada dia, cada vez mais lágrimas são derramadas, cada vez mais a força me abandona e cada vez mais me sinto fraca, sinto que já não aguento mais, caí e não consigo levantar-me!
Parece que nunca se pode dar nada como realmente nosso, pois acaba sempre por nos fugir por entre os dedos.
Quanto mais próximo, mais longe.
Não compreendo como é que a única força que me resta é força para lutar, simplesmente não consigo desistir e largar tudo, sinto que tenho de lutar, o errado nunca me pareceu tão certo.
- Queria que me pudesses ajudar, queria que me pudesses levantar, queria que me pudesses puxar para cima, queria que me pudesses ajudar a encontrar-me de novo, queria que me pudesses segurar para não cair nunca mais!
O meu coração está seco e farto de bater lentamente.
O destino não tem um plano fixo, não se prevê e nada acontece como sempre queremos, e eu perdi-me a mim mesma no meu próprio destino, não encontro um retorno para voltar a encontrar-me de novo no meio desta dor e escuridão que parecem estar a ter um prazer tão grande, que não querem partir.
Não tenho lugar neste Mundo, não é o mundo que sempre esperei que fosse, DOR é a principal palavra, é a que mais reina aqui!
Eu vejo o Mundo, sinto o frio. - Que caminho seguir?
- Eu irei onde a onda me levar, agarrarei a dor!
Os sonhos são o meu porto de abrigo, a única maneira que consigo escapar do inferno que é a minha realidade, sempre que me deito na cama, espero sempre que os meus sonhos te tragam de volta, mas sei que é impossível isso acontecer, apenas queria acordar quando realmente valesse a pena, pois a porta balança através de uma fantasia que parece não ter fim.
Segurando o meu último suspiro, acredito que irei seguir o meu caminho, mas, não vais ser esquecido, eu estou procurando uma saída.
Sim, quero acabar com a minha vida, mas tento e mais uma vez tentarei apenas continuar viva, eu estou aqui, mas não por muito tempo.
Olhando de dentro para fora, eu grito “é um inferno”, mas ninguém ouve, ninguém nunca verá este meu lado reflectido, há algo de errado, mas talvez irei dar a volta por cima.
Nunca é tarde demais.

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