quinta-feira, 17 de abril de 2014

Às vezes gostava de ser menos eu

Gostava de ser menos sensível, gostava de não chorar tanto e por tão pouco, gostava de sentir menos. Ao menos, se sentisse menos as coisas, elas não ficariam tantas vezes entaladas entre o peito e a garganta e não acabaria em lágrimas. Às vezes gostava de ter sempre a resposta certa, mesmo que essa resposta fosse somente silêncio. Eu calo-me muitas vezes. E eu até sou uma pessoa de falar muito, e é quando me calo que me sinto mais longe de mim mesma. Tu conheces-me, sabes que sou uma pessoa que gosta de pessoas e de afetos, que sinto e falo demais. Tudo demais e com demasiada intensidade. Eu tenho sempre medo do que possas pensar de mim, quando não sou correta contigo, quando não te respeito da forma que tu queres e mereces, quando sou alguém que tu não conheces e que eu não reconheço. Apesar disso tudo, no fundo, eu só quero estar bem contigo e dormir com a consciência tranquila de que amanhã vou acordar sabendo que ainda me amas. No fundo, eu só queria que pusesses de parte todos os mil defeitos que tenho chapados na cara e que conseguisses ver quem realmente sou eu. Nós temos as nossas zangas e ambos ficamos desolados quando o dia termina mal, quando não dormimos na mesma posição, quando os nossos sonhos estão separados como nós. Às vezes penso como seria se vivêssemos juntos, como tanto desejamos no futuro, se cada um voltado para seu lado, cada um no seu lado da cama; ou se esquecemos tudo isso na hora de dormir, damos as mãos e os pés e o corpo todo se entrelaça, se damos um beijinho como sempre fazemos toda a vez que a nossa cama é a mesma. E tenho medo que esses dias a dois menos bons cheguem. Tenho medo que não me aguentes, que aches que não vale mais a pena, que não tenhas forças para aguentar o nosso amor e de lutar por ele, aquele em que investimos tudo aquilo que somos, porque ambos entregámos a nossa alma um ao outro. Fiquei rendida a ti desde o primeiro dia e até há uns tempos achei difícil acreditar que eras mais forte que eu, porque era o que eu mais temia... Que fosses mais forte, tão mais forte que eu, que eu jamais conseguiria ser eu sem ti. És metade de mim. E sem ti não faz sentido. 
Sou tantas coisas, consigo ser o bom e o mal, “pessoas” completamente diferentes… Mas no entanto penso que gostarias mais de uma Cíntia certamente mais calma, mais ponderada no que diz e faz, alguém que eu gostaria de ser mais vezes. Amanhã não sei que Cíntia vou escolher ser. Mas hoje sou a Cíntia que te ama, com toda a alma que ainda tem e que espera que logo, quando te deitares na cama onde partilhámos mil noites e mil sonhos, ainda me continues a sentir aí e a quereres-me sempre no dia seguinte.

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