sábado, 2 de julho de 2011

Memórias


Ouvi dizer que estiveste por perto, tu próprio o disseste, mas eu não te ouvi. Há quanto tempo não te ouço! E é esse mesmo tempo que eu tenho suportado, todos os dias, todas as vezes em que o desejo de te ouvir me invade o corpo e alma, mas só a consciência de que estás longe arrebata esses sentimentos de saudade e me mantem assente na realidade.
Todas as noites em que a minha mente se lembra de ti, o coração sofre por ainda gostar dessas recordações. De madrugada faço um esforço por adormecer, mas parece que a almofada me sussura ao ouvido as tuas palavras. Pareces tu, pareces mesmo tu. A almofada soa a ti como o búzio soa ao mar, e olha que são imensas as vezes em que me apanham de ouvido no buzio, sossegada e feliz, a ouvir a espuma das ondas mergulhada com a areia dos oceanos.
Contigo sonhava com o amor. O destino já nos cruzou milhares de vezes, porque temos nós de afastar sempre os nossos caminhos? Mas sabes, ouvi dizer que estiveste por perto e mesmo assim o desejo de te ver não foi capaz de me levar ao teu encontro. E hoje ouvi que quem ama tem medo de perder. Eu já não tenho medo de te perder, porque já não te tenho, apenas tenho medo de perder as memórias, as nossas! E começo a pensar… secalhar amo as nossas memórias, em vez de te amar a ti.
E isso é o que mais me assusta, pois a memória é algo que nasce e morre connosco sem que possámos trocá-la ou apagá-la, logo, vou amá-las sempre e amar as tuas memórias é quase como te amar a ti. Será que alguma vez irei conseguir livrar-me delas e assim, de ti, e escolher outro alguém para construir novas e melhores memórias?...

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