dreams

Durante anos a fio, foi em sonhos que baseei o meu sorriso, presa à ilusão de que ele ia voltar. Todas as minhas acções eram em função de devaneios, pintados pela inocência de uma criança carente de uma família que cada vez se distanciava mais. E era no meu pequeno quarto, rodeada de brinquedos que eu criava o meu mundo, onde tudo o que precisava estava ali, do meu lado, onde a minha cama se encontrava coberta por um manto de seda, tal como as camas das princesas de filmes que eu via, onde havia sempre um “viveram felizes para sempre”, e eu invejava visto que ainda um curto espaço de vida tinha passado e as lágrima já se tinham tornado rotina. A solidão invadia o meu espaço, isolando-me e tornando-me cada vez mais dependente daquelas falsidades que eram o meu mundo, irreal, que funcionava como uma espécie de abrigo, sempre de portões abertos para me receber e acolher. Sempre foram sonhos que me fizeram feliz, foi em sonhos que vivi e aprendi tudo o que agora sei, tornando-me no ser humano que hoje sou. Ao contrário do que anteriormente pensava, agora sei que vale a pena sonhar, visto que enquanto a realidade de olhos abertos é uma passadeira negra que nos envolve cada vez mais, a cada dia que passa, em sonhos, cada acção desenvolvida depende apenas de mim e do que quero, depende apenas da minha vontade ou não de seguir em frente, construo as minhas próprias alternativas e obtenho resultados, que se manifestam na vida real, evoluo e subo degrau a degrau, sem depender de ninguém, o que para mim, é um grande orgulho. Sonhar ou não? Sim, sempre.